quinta-feira, 27 de julho de 2017

Circuito no Sul de Itália - 14 a 19 de julho de 2017

Liliana Costa e Tiago Grilo

Dia 1 (sexta)


I - Atrasos


1. Embarque 


  O dia de embarcar numa viagem é sempre diferente, as coisas estão planeadas ao minuto para tudo correr sem espinhas, para a escova de dentes não ficar esquecida e especialmente para se conseguir comer qualquer coisa antes de sair, já que o voo era low cost e não havia sandochas para ninguém. Táxi à porta às 12:30h para um voo que saía às 13:45h pareceu adequado. E até era, não fosse o voo ter sido adiado para as 16:20h. Depois de 3 horas a analisar tudo o que o Terminal 2 tem para analisar (muito pouco) e de ver atentamente e um por um todos os produtos da Ale-Hop, lá entrámos na avioneta. Nas escadas notámos que 3 funcionários tentavam, à vez, desentupir o esgoto da casa de banho do avião com as mãos, com cara de nojo e dificuldades em soltar de lá o tarolo que entupiu aquilo. Resultado: mais uma bela meia hora até conseguirem soltar o que alguém para lá enviou com inquestionável esforço e dedicação.

2. Chegada a Nápoles


  Como se não chegasse aterrarmos já de noite, ao chegar ao stand para levantar o carro alugado, passa-nos em velocidade supersónica um francês e família, que ficou à nossa frente na fila, e tinha feito reserva com um cartão de débito em vez de crédito. Mais meia hora de espera, entre chamarem o gerente e se gerar uma discussão sobre o crébito e o drébito e quando saímos com o carro já eram 22h. Depois de pagarmos para sair do aeroporto (!) por uma espécie de autoestrada metemos no GPS a morada de um tasco chamado Bar Nilo, para ver o altar dedicado ao Maradona:


...coisa que não conseguimos, pelo que tive de ir buscar esta imagem à Internet.

Primeiro, chegar lá foi um desatino, porque em Nápoles a iluminação das ruas parece ser feita por candeeiros a óleo, e as regras de trânsito são formalidades amavelmente dispensadas por todos. Mas demos com a morada, e até encontrámos um lugar para estacionar, coisa rara na cidade.

Tão rara que, prontamente vem ter ao carro um tipo com um simpático ar de assassino a mando da Camorra a dizer que não podíamos estacionar ali. Mas podíamos, eu descobri foi um lugar em que ninguém tinha reparado, usando os meus skills de estacionar em Lisboa para fabricar um lugar em Nápoles. Ele simplesmente achou o meu lugar fixe para estacionar lá outro carro qualquer para ganhar uns trocos e mandou-me sair. Como o ar dele era o de quem a qualquer momento me podia espetar uma naifada, enervado que estava por eu não saber falar italiano: "quando parlas no te capisco", respondi-lhe "opá, eu é que não te capisco a ti", fechei a porta e arrancámos com todo o poder que um Toyota Aygo não tem, a caminho do hotel.

II - Fome, cansaço e sua resolução


1. O meu reino por uma pizza


  Como a fome apertava e a única refeição do dia tinha sido um pequeno almoço (sem hífen) em Lisboa, íamos pela estrada já com a co-piloto Liliana sem bateria e a falhar saídas, coisa que acabou por culminar na entrada no primeiro restaurante aberto que apareceu, em Angri, já bem depois da saída para Scafati, onde ficava o hotel. Mas eis que aqui a viagem começa a correr bem melhor: na Pizzeria Al Mulino, já o pessoal descansava e jantava, aí pelas 23h, numa pequena esplanada com 3 mesas quando vêm chegar um casal com ar de quem já comia na boa os restos que eles tivessem para dar às galinhas. Mas não fizeram por menos: tudo de volta para a cozinha para nos preparar a melhor pizza de sempre, no forno a lenha ainda quente, acompanhada por croquetes (arancini e outros) e por um vinho branco angriolino. A converseta na esplanada foi dar, claro, ao Cristiano Ronaldo e ao São Diego Maradona. Será São Ronaldo um dia santificado assim em Madrid?



2. Direita ou esquerda?


  A saída da autoestrada foi a errada, mas não ficámos longe da localidade do hotel. A morada que colocámos não era muito precisa, pelo que na avenida principal parámos junto a uma avó e neta, para pedir indicações. Em italiano - que ninguém fala inglês naquela zona de Itália - a miúda lá nos safou, dizendo que seria à direita, logo que encontrássemos à esquerda um restaurante com o mesmo nome. Esquerda, direita, disse ela. Eu, para dizer que sim, tinha compreendido perfeitamente, disse com toda a pujança e toda a cagança: "Si, si... destra e finestra! Grazie mille!". Só quando fechei o vidro é que me apercebi que tinha dito "Sim, sim... direita e janela! Muito obrigado!". Mas lá chegámos.

Dia 2 (sábado)


1. A viagem


  Depois de uns mergulhos na piscina, toca a enfiar tudo dentro do carro e rumar a Sul, que ainda tínhamos quase 300 km pela frente. A saída de Scafati faz lembrar as antigas estradas locais das zonas de praia portuguesas: muita bóia e barqueta insuflável havia naquela recta... Enfim, siga pela autoestrada, a evitar acidentes uns atrás dos outros, a perder belas fotos da costa amalfitana por causa disso mesmo e, chegada a hora de almoço decidi não arriscar a comer fora de horas outra vez. Ao meio dia começo a procurar placas com indicação de sítios a visitar, e vi uma a dizer Lago Negro. Bom começo. 

Saímos para ver o tal do lago, para depois percebermos que era só o nome da cidade... Mas uma placa apontava para um lago Sirino. Fixe, bora lá. Caminho de serra, curva e contra curva e nada de lago. Mas uma outra placa apontava para um agroturismo, e a minha barriga decidiu segui-la. Chegámos passava pouco do meio dia, e a cozinha abria às 13h. Agradecemos e saímos, apesar de ter ficado atravessada aquela refeição feita exclusivamente com produtos da quinta, queijo ricota incluído.

Acabámos por dar com o lago Sirino, a passar-nos na janela a 100 à hora, quando já íamos na autoestrada.  Mas desta vez a má sorte não ia levar a melhor, e voltámos para trás (o que implicou uma boa meia hora de atraso) para almoçar por lá.


 O lago, em lugar de peixes, tinha pequenas baleias, disfarçadas de taínhas ou lá o que era, mas com mais de 5 kg cada. Vá, baleias é exagero, mas eram do tamanho daqueles golden retrievers da Dodot:


2. O casório


  Com meia hora perdida depois de almoçarmos um carpaccio e uma massa com trufas pretas bem enjoativa, lá fomos a arrotar pelas curvas e depois pela autoestrada e depois pelas curvas outra vez até Rossano. A vila não desiludiu aquela ideia romântica de um casamento no Sul de Itália.


  Claro que depois de virmos a abrir a todo o gás por estradas locais, e de me achar em cuecas no meio da vila, a tirar os calções para vestir a fatiota do casamento, percebemos que fomos os primeiros a chegar. Meia hora mais cedo. Mas os italianos são estrategas, e a genial colocação de um tasco mesmo em frente à igreja resolveu o assunto:



  
  O noivo entretanto chega na sua Vespa PX (comecei logo a simpatizar com o moço) e os restantes convidados foram compondo a praça. Não vou entrar em detalhes sobre a cerimónia, que isto não é o noivas.pt, mas é muito parecido com o que fazemos por cá, apenas com mais calor dentro da igreja e sem pessoas cá fora, fartas de ouvir o padre. Eu bem que queria sair, mas ia ficar sozinho no tasco e parecer o bêbado da vila, só que com aquele estilo todo que viram lá em cima. 

3. A festa


  A boda (adoro este nome e na minha cabeça continuo sempre a frase que faz a rima) foi a uns 30km, num hotel de praia, onde esperámos uma hora pelos noivos. Porquê? O Fiat clássico onde iam avariou e começou a deitar fumo pelo caminho. Onde é que isto já se viu... um Fiat a avariar? 


   Os noivos lá chegaram, de boleia, para um jantar que acabou com toda a gente a fazer a filinha do Apita o Comboio, mas sem o Apita o Comboio, porque eles não conhecem o Quim Barreiros e o Gianni Morandi ainda não inventou nada parecido. Seguiu a festa para a praia, entre mergulhos com a água quente e a vodka fresca, até ser de madrugada e termos que ir para o quarto descansá-la.

Dia 3 (domingo)


1. Sono


  Acordar às 08:00h com o barulho da criançada do quarto ao lado quando nos deitámos às 04:00h não é fixe, mas serve para aproveitar para tomar o pequeno almoço de óculos de sol dentro de casa e seguir viagem. Ficou decidido pelo caminho que um dia destes iríamos ver um concerto de Arcade Fire, de que não sou fã, mas a Liliana afirma que "é muito bom, não pode é haver espanhóis".

2. Grand Hotel Casseta e Planeta


  O hotel Pianeta, em Maratea é um daqueles complexos que ficou parado no tempo, mas num tempo altamente. Nos quartos tudo é branco e se fosse em cor de rosa, podia ser o chalet da Barbie, mas aquela mistura de Mattel com James Bond dos anos 70, e uma vista do caraças resulta num sítio bem fixe.

 


O único defeito que o local tem é que ao entrar no elevador, passamos à twilight zone, porque nos dizem que o quarto é no 5.º andar (era o 501), mas quando entramos no piso 0 e se fecha a porta, de repente estamos no 3.º e tudo é confuso, porque o papel que indica o que há em cada andar está estruturado por pessoal da cientologia, com a ordem 5, 4, 1, 3, 0 ou coisa parecida. Pensámos que o elevador ia abrir no quartinho do John Malkovich, mas afinal não. 

3. Dormir na praia


  A ideia era descansar e como hotel tinha uma mini praia privada, longe mas com shuttle (tudo incluído no preço bastante porreiro do quarto) fomos para lá dormir na espreguiçadeira.


Acordámos, e depois de ligar a pedir para nos deixarem ficar mais uma horinha, demos uns mergulhos para acordar e fomos jantar para o quarto: uma pizza comprada a 5 € num café ao lado acompanhada de uma garrafa de vinho que andava no carro e que pusemos no mini-bar a refrescar.

Ficou apenas por definir qual o nome daquele Cristo Rei feminino ali em baixo. Eu gostava de Assunção Crista, mas a Liliana preferia Bicha do Demónio e não houve quórum.


Dia 4 (segunda)


1. Costa Amalfitana


  Saímos cedo, na direção de Sapri, com o depósito quase vazio. Chegados lá, atestei na primeira bomba de gasolina que vi, a 1,70€ por litro. Daí a 5 km havia gasolina a 1,50€ (perdi uns 10€) que é para aprender que andar com o carro na reserva não compensa. Mas ao menos na costa amalfitana o estacionamento era barato: apenas 3,50€ por hora! Não aproveitámos estes magníficos saldos de aparcamento em Cetara, mas assim que chegámos a Maiori para almoçar neste quiosque, pumba, foi ver 700 paus em moeda antiga a ir pela maquineta abaixo. O que valeu foi que a comida e a vista eram boas, e pagámos pouco.


A costa amalfitana é cheia de locais paradisíacos e de poucos locais para estacionar. O ideal é irem de mota, se puderem. Podem estacionar mais facilmente e irem às praias sem largarem um mealheiro inteiro para dentro dos parquímetros.


2. Fogo, pá...


  Era suposto fazermos a estrada para Positano, mas estava cortada por causa de um incêndio. A Liliana, como tinha sido mordida por um mosquito num pé (não era uma melga, era um mosquito, diz ela) e nunca saía do carro, ia dizendo "eu vejo daqui" ou "não é assim tão fixe que me faça sair do carro" ou ainda "disso também temos lá em Portugal". Parámos para encontrar qualquer coisa para acalmar a melga da Liliana.


Devido ao fogo, para chegar ao nosso destino tivemos de atravessar a península pela montanha, o que acabou por nos fazer chegar mais cedo do que o esperado a Castellamare di Stabia, em cujas praias da treta este menino amandou uma mergulhaça, por vias do calor. À noite fomos jantar a uma pizzaria perto do porto e encontrámos um lugar altamente para estacionar, bem pertinho.


Tão perto e tão fácil, que depois do jantar, quando fomos buscar o carro, constatámos que estava fechado a correntes e cadeado num parque que por sinal era privado, lá da capitania ou o que era, e só abria no dia seguinte de manhã. Nada que uma toalha de praia a envolver a corrente e muito desenrascanço tuga não resolvessem. Saída limpa. E à borla.


Dia 5 (terça)


1. Pompeia é fixe, mas tanto também não


  A frase que resumiu Pompeia foi "epá, ruína, ma non tropo". É daqueles sítios tão grandes e tão cheios de pontos de interesse, que começámos por admirar cada calhauzito com atenção e acabámos, depois de 3 horas a andar, a cagar de alto para palácios de 3 andares impecavelmente cristalizados no tempo. É assim a vida. Há calhaus com mais sorte do que outros. No meio disso ainda fizemos um concurso, perto do Lupanar (casa de prostitutas) para procurar um dos "das Caldas", que estaria no chão a indicar a direção:


Foi a primeira vez que andei pelas ruas em busca de pilas. Não tivemos sucesso, mas a Liliana afiançou que o tio dela encontrou muitas. Há mesmo pessoas que nascem com um dom.

2. Subida ao Vesúvio


  Este ponto não devia ter este título, porque não subimos. Mas tentámos, e isso também conta. Fizemos o caminho todo até começar a subir, mas a passagem estava interdita, mais uma vez por causa dos incêndios. Fomos mais cedo para Nápoles, reviver as maravilhas de conduzir numa cidade onde a lógica e o bom senso são expressões de que nunca ninguém ouviu falar.

3. Nápoles 


  Estamos numa cidade grande, com montes de locais distantes uns dos outros para ver e com um belo carro alugado até às 23.00h. O que fazemos? Isso mesmo, entregamos a viatura o mais cedo possível, tipo 4 da tarde, para nunca mais na vida termos de conduzir em Nápoles. Só para chegar ao aeroporto foi um desatino, o GPS mandou-nos para a Alfama lá deles, por ruas estreitas e duvidosas. Um senhor numa Vespa perguntou-nos para onde queríamos ir, e foi à nossa frente a indicar o caminho e a ajudar-nos com as razias à casas e aos carros. No fim não aceitou uma moeda de 2 euros que lhe íamos dar, mas aceitou um terço que me tinham dado no casamento.
O trânsito é péssimo, mas o pessoal de Nápoles é impecável. Nunca vi ninguém chateado no trânsito, apesar de isto ser o normal:

- Só há 3 faixas e queres ultrapassar? Inventa a tua própria quarta faixa imaginária e segue.

- Vais na tua scooter e queres virar à direita num cruzamento? Ultrapassa primeiro pela esquerda o carro que está a fazer pisca também para a esquerda e acredita. Sê feliz.

- Queres ir para a faixa do lado, mas estão lá carros? Abalroa-os, que eles chegam-se para a outra faixa e abalroam outros. Cabemos todos.

- O semáforo está vermelho? Se fores de carro, avança devagarinho. Se fores de mota, nem afrouxes, porque a tua scooter vem de origem com um escudo protector à volta.

O mais estranho disto tudo é que não vimos um único acidente durante a viagem. Mas pronto, assim que entreguei o carro, saiu de cima de mim um peso descomunal, e apanhámos um autocarro para o centro da cidade. A pé, Nápoles é bem mais fixe:

 


 

Dia 6 (quarta)


1. Pequeno almoço e siga


Na noite anterior, a rapariga do pequeno hotel onde ficámos disse-nos que podíamos tomar o pequeno-almoço às 7h (tínhamos de apanhar o avião bem cedo) apesar de normalmente ser das 8h às 10h. Muito fixe, não fosse ela às 7h estar a dormir e eu ter que a acordar para o check-out. Mas lá enfiámos umas bolachas, um sumo e um café pelo bucho e voltámos para Lisboa. Diretos ao Zé dos Cornos para uma refeição portuguesa, que pizza e massa é muito bom, mas não é uma pianola na brasa feita por quem sabe...


segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Ilha do Sal - Cabo Verde, 12 a 19 de outubro de 2016


Ana Fino, Liliana Costa e Tiago Grilo

Dia 0 (quarta, em Lisboa)

I - Partida

1 - Ai, a mala tem que ter cadeado
Quarta feira logo após sair do trabalho, Ana, Liliana e Tiago combinaram encontro na farmácia do aeroporto. Ana aparece com sorriso de orelha a orelha, que quase desapareceu quando Tiago informa que se esqueceu do cadeado para a mala dela. Felizmente era bem barato: apenas 6 euros!

2 - Chocolates dos ricos, comprados por atrasados



Depois do check in feito, vodka comprada, e de Liliana ter estourado meio ordenado em chocolates, estavam os três muito relaxados (menos o Tiago, a fazer contas aos chocolates), no lobby do aeroporto, ora bebendo cafés do McDonalds, ora falando com a família, quando lá se decidiram a ir caminhando calmamente até à porta de embarque.
De repente ouvem-se gritos: “Sal????” “Saaaaal???” Era uma senhora da TAP que parecia muito nervosa por não ter tempero para a comida. Respondemos prontamente, quase em coro : “Saaaal!!!!” “Saaaal!!!!” - o nosso avião estava para partir e nós ficámos para trás, na conversa. Segue-se uma Monumental Corrida à Antiga Portuguesa, com atropelamento de velhotes e crianças pelo meio, enquanto mais alguém nos gritava “Saaaal?” e nós, a arfar, “Sim! Saaaaal! E mais uma e outra vez: “Saaaaal???”
- “Sim, por amor de Deus, Sal!”. Lá chegámos. Era excesso de zelo, concluímos  nós, também à boa maneira portuguesa, quando passámos os próximos 20 minutos sentados à espera para a porcaria da camioneta com asas finalmente levantar voo.

Dia 0,5 (quarta, Ilha do Sal)

I - Chegada

1 – Putas das francesas…


A aterragem é sempre igual quando o avião não cai em chamas: assim que o avião pára, fica tudo em pé à espera que as portas abram. E elas abrem, mas só daí a uns 10 minutos. Quem fica sentado tem uma alegre paisagem de cús e braguilhas de calças de ganga. Mas lá saímos para as boas vindas calorosas da noite de Cabo Verde.
Ao contrário das mariquices europeias, ali as coisas são simples, e vai-se a pé do avião até ao aeroporto. Logo aí começámos a notar uma espécie de corrida em passo de marcha, com muita gente a abanar a peida vigorosamente para chegar "em primeiros" ao guichet de emissão dos vistos (dica: não façam o visto em Portugal, custa 45€ e lá fica por 25€ e demora-se o mesmo a sair do aeroporto quer tenham visto ou não). Na fila, atrás de nós, estava a primeira das putas francesas.
Decidida a passar-nos à frente, mesmo estando sem o apoio moral do marido, eis que a puta se mete. Foi uma corrida tipo fórmula 1, mas só porque era à velocidade de 1 metro por minuto. A emoção, essa, era a mesma ou maior: a equipa portuguesa depois de muito esforço, aproveitou uma chicane e lá conseguiu impor-se à francesa. Só que a puta não descolou da traseira da Ana e foi até à linha da meta literalmente encostada e a respirar-lhe para o pescoço.
Quando achávamos que a dose de francesas já estava boa, demos por nós à espera da última das nossas malas, que nunca mais chegava. Liliana vê uma mala igual já colocada num carrinho alheio, mas decide ir ao WC. Há prioridades na vida. Quando volta, ainda não tinha chegado a mala, e diz a Tiago: “vai lá ver se aquela não é a nossa mala”. Era. Aninhada entre 2 malas cor de rosa lá estava a mala pipi da Samsonite emprestada pelo Pedro Santana, com as iniciais PMS e uma tira de papel com o nome e a morada escrita. Era outra francesa e uma amiga. Amigas do alheio, e provavelmente depois, também amigas da nossa bag-in-box de 5 litros de branco que seguia na mala.

2 – Tablier alcatifado e cheiro característico


Depois disto, tudo pacífico. O taxista estava com uma folha A4 com nome escrito a marcador, e foi muito prestável, ajudando com as malas e falando com o contacto da casa em Santa Maria. Tudo impecável, tal como o pedaço de alcatifa / peluche azul que cobria o tablier do seu Chevrolet. Quanto ao cheiro característico, é mesmo só isso... A janela do condutor aberta fez uma ligação direta do sovacum do taxista ao nariz das raparigas que iam no banco de trás.

3 – Trevor, baza lá, ya?


Apartamento da Caroline
  O taxista deixa-nos no empreendimento turístico onde Trevor, um inglês sabido, nos faz as honras da casa. Explicou como funcionava tudo, incluíndo o forno, o ar condicionado,a placa, a máquina disto e daquilo, a luz, a torneira, e também como funcionavam as suas terças feiras de póker entre amigos. E nós os 3, depois de um dia de trabalho e de várias horas de viagem, em pensamento gritávamos desesperadamente e em coro "Trevor... baza lá... ya?"

Dia 1 (quinta)

1 - Tiago sugere ir a pé até Santa Maria

(apanhámos um táxi logo a seguir ao primeiro bicho bastante morto)

2 - Carlos Baba

Numa rua cheia de lojas de artesanato, Carlos Baba oferece pulseira da sorte às meninas. Ana compra logo de seguida desinfectante para as mãos, não se fiando na pulseira para a livrar dos germes das notas.

3 - O achamento do Wi-Fi e a constatação de que nenhum dos 3 sabe abrir a porta do banco de Cabo Verde.


Achamento do Wi-Fi

4 - Primeira strela krioula



5 - Faina do atUm!







6 - Primeiro mergulho




7 - Jantar no Odjo d’Água



Grande dourada, mas, aneto no percebes não percebemos... (ah, e abusar do vinho sai caro)

8 - Regaeton

Tiago e Ana curtem grandes reggaetons num bar na praça central de Santa Maria. Liliana enjoa com excesso de reggaeton. Apanhamos táxi de volta para Vila Verde. Ana vai para a piscina ver da internet.

Dia 2 (sexta)

1 - Aquisição de atUm! 5 euros por 1,2 kg



2 - Não há Jimny’s (mini-jipe) em parte alguma. Depois de muito procurar, encontrámos um para sábado.

3 - Tiago faz sashimi de atUm e atUm de cebolada para jantar cedo e ir para o funaná, mas as damas adormecem e o Tiago não pode ir viver a vida louca, porque é perigoso.


Dia 3 (sábado)

1 - Temos finalmente um Jimny, que muda de nome para Juliana neste momento:




2 - O olho da bicha (Odjo Azul / Buracona) estava apagado. Temos de voltar antes das 12h.

3 - Salinas de Pedra Lume: não têm dinheiro para visitar o Mar Morto? Tranquilo, 5 euros de entrada mais 1 euro para tomar banho e é igual ou melhor.



4 - Almoço em Palmeira. Lagosta suada por 10 euros cada um.

5 - Viram aquilo? Um casal decidiu que a varanda era um sítio íntimo o suficiente para um alegado felattio ao ar livre. Só não sabemos se era mesmo porque o homem estava com ar de chateado. A rapariga podia perfeitamente estar a coser o botão das calças e ele estar com aquele ar de "ai se a agulha me espeta".

6 - Jantar em casa com comida tradicional caboverdiana: spagheti alla carbonara

Dia 4 (domingo)

1 - Tartarugas bébés em Murdeira. Tiago tem um momento “free Willy” mas com uma mini tartaruga.


2 - Buracona: Chegámos às 11h à Buracona e finalmente conseguimos ver o olho da bicha aceso. Liliana encarna uma arqueóloga e fica maluca com tudo o que é calhau. Tiago implica que quer nadar dentro do Olho Azul e passa meia hora à procura da passagem secreta. Mais tarde encontra um guia que lhe diz que só por mar e com equipamento. Liliana e Ana dizem “eu não te disse…” E de facto tinham dito, mas apenas umas 30 vezes.




3 - Almoçar novamente em Palmeira (Restaurante Nós Pimba). Caracas e polvo com arroz e batata frita. Talvez devido ao nome do restaurante, começa a conversa a descer de nível:
Liliana (a comer cracas): “sua gorda, safadona, vou comê-la toda”, num claro momento Arquitecto Taveira, seguido de um não menos badalhoco “levei com líquido de coiso até aqui”. Do nada, Liliana apazigua a bardajonice, afirmando: “Olhem que eu sou muita boa a beber água”.




4 - Voltar a Pedra Lume para procurar a praia, mas em vez disso descobrimos o Júlio. Este bêbado invertebrado diz ser Cristiano Ronaldo, não Messi e de seguida diz que Ana é bunita. Oferece 6 cristais de sal à espera de dinheiro (ou de algo da Miss Portugal, não se sabe). Tiago em vez de dinheiro, oferece uma máscara de mergulho e um snorkel e Ana leva o troco: “Se eu tivesse-Ti, minha vida era feliz”. Ana fica apaixonada, mas arranca com o Jimny, com medo de ser violada.

5 - Onde estão os tubarões? Depois de muito julianar, lá demos com a “Shark Bay” onde havia pessoal a alugar Crocs para irmos ver os tubarões-limão. Sim, leram bem: aluguer de Crocs. Cagámos nos tubarões, mais com medo do pé de atleta do que de uma mordidela no pé.





7 - Praia em ponta preta. Belo por do sol, animado por (mais um) jovem bêbado que pisca o olho a Ana e depois passa a 15 centimetros dela, mirando diretamente no decote. Pura classe. Provavelmente chama-se Bitcho e é o dono desta pick-up, que tem "Deus na comando":



8 - A TV ao lado do supermercado Cazu
Ao entrarmos no supermercado para nos aviarmos do que faltava para o jantar, ouvem-se gritos desvairados e música de filme porno. Liliana volta para confirmar se era da televisão. Não era, era javardeira ao vivo e aos berros, de janela aberta.

9 - De volta a Vila Verde, o jantar é tataki de atUm, regado com discussão acesa sobre a relevância da informação sobre as subidas e descidas da Bolsa nos telejornais.

Dia 5 (segunda)

1 - “Juliana, cê viu meu óculos / Êita Juliana, o hómi já ligou o brinquedo” nas dunas ao pé do Vila Verde, logo pela matina. Subida e descida do Monte Mota Engil 3, a.k.a. Serra Negra. Daí, directos a Palmeira oferecer o pacote do amigo da Ana, à Escola Zeca Ramos.




2 - Sprint de volta ao pontão de Santa Maria para conseguir comprar peixe (dois por €3,50) que a Ana afiançou tratar-se de Pitú. Mais tarde garantiram-nos ser um nome bastante parvo e não corresponder a nenhum peixe de Cabo Verde. Ou do Mundo. Corresponde sim a uma cachaça brasileira. Não parece ter sido a primeira vez que Ana confundiu aguardente com peixe, e muito provavelmente não terá sido a última.


3 - Entrega do Jimny-Juliana algo atabalhoada: chegámos ao escritório 15 minutos antes, mas Fredy não estava. “Era às 14h aqui ou na recepção do Vila Verde?”. Fomos levar o “Pitú” a casa e ligar da recepção. Fredy diz “mas agora é que são 14h”, e tinha razão. Fomos novamente ter com o Fredy, que nos devolveu os nossos estimados 200 euros de caução. O Jimny-Juliana ficou triste com a separação e nós também.

4 - Almoço no Odjo d’Agua (sem vinho até que fica em conta)

5 - Snorkeling na agência do Joker (o Joker ri, os outros são todos Batman) com o Erikson na Ponta do Sinó. Enquanto Liliana e Ana engolem água e riem, Tiago vê isto:

Peixe papagaio (Scaridae)

Tartaruga amarela (Caretta caretta)

Peixe trombeta (Aulostomus maculatus)

6 - Regresso à praia para uma soneca e avistamento de um Pedro Carpinteiro e família.

7 - Achamento de bar caboverdiano-brasileiro com a Strella mais barata e pés na areia.




8 - Knox e o mágico bêbado.


Knox, no dia anterior


Dia 6 (terça)

1 - Último dia em Cabo Verde.

Piscina logo pela manhã, porque não dava para dormir. Tiago afirma: “hoje é até apanhar queimaduras de 3.º grau”. E apanhou uma bem bonita, na barriga.

Tiago lembra-se que não comeu cachupa e obriga as raparigas a calcorrearem de restaurante em restaurante sempre com um “não, só por encomenda…” até finalmente encontrar um sítio que servia cachupa requentada. Tiago safa-se por pouco, mas só porque havia WI-FI.




Dia 7 (quarta, voo para Lisboa)

1 - Tiago dorme profundamente às 3 ou 4 da manhã, mas acorda assim que vê comida de avião a chegar. Come, bebe uma cerveja e volta a dormir.

2 - Ana vai direta para o trabalho “ver emails”